segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Escrita no Baixo Alentejo – das origens aos nossos dias

             Está a decorrer no Baixo Alentejo, desde Maio de 2016, uma exposição, que tive ocasião de visitar, a 23 de Setembro, no Museu Municipal de Aljustrel, intitulada «Escrita no Baixo Alentejo das Origens aos Nossos Dias».
            Trata-se de uma iniciativa da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo, cujo comissário é Rui Cortes, sendo a investigação histórica e a produção de conteúdos da responsabilidade do Professor Amílcar Guerra. A exposição destina-se a ser vista na Rede de Museus do Baixo Alentejo, que compreende os municípios de Aljustrel, Alvito, Beja, Castro Verde, Ferreira do Alentejo, Mértola, Ourique, Serpa, Vidigueira e Museu Regional de Beja. A execução da exposição e respectiva museografia esteve a cargo da empresa Glorybox.
            São as seguintes as partes em que a exposição se divide:
           a – territórios inscritos (os primeiros contactos e o aparecimento da Escrita, com particular destaque para as estelas da chamada «escrita do Sudoeste»);
           e  – Escrita no Mundo Romano;
           i  – A escrita e a Idade Média, ou seja, os textos paleocristão e islâmicos;
           o  – Escrita Moderna: a transmissão da palavra;
           u  – o mundo contemporâneo.
            O catálogo está muito bem concebido, com excelentes fotografias.
            De todas as inscrições aqui indicadas, eu assinalaria uma, de particular interesse, pois que data do século XI. Refere-se à construção de um minarete por ordem de Al-Mutadid. É única, no seu género, em território português, e conserva-se in situ «junto a uma fonte, no interior do castelo» de Moura. «Representa», explica-se na legenda, «a legitimação da propriedade do território de Moura, muito disputado pela existência de jazidas de prata».
            Trata-se, pois, de uma mostra, singela mas eloquente, que não poderá perder-se e que documenta bem como a escrita foi algo a que o Homem se dedicou desde tempos imemoriais. Ainda hoje, quando queremos que algo permaneça, escreve-se, porque, como diz o ditado, «a palavra voa, mas a escrita permanece»: verba volant, scripta manent.
 
                                                                   José d’Encarnação

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