domingo, 4 de junho de 2017

Oeiras tem nova revista cultural

            Sempre perfilhei a ideia de que, num concelho, para além do boletim (ou jornal) camarário, que vai dando notícias da actividade político-administrativa e onde, a meu ver, todos os vereadores, independentemente de serem, ou não, do partido em maioria, deveriam ter lugar e onde é, a meu ver, imprescindível serem publicadas as resoluções tomadas nas sessões, para além desse boletim (repito), é indispensável a existência de uma revista cultural, camarária ou apoiada pela Câmara.
            Compreende-se tal necessidade.
            Hoje, nas universidades, há cada vez mais dissertações de mestrado e até de doutoramento, que versam, naturalmente, questões locais, no âmbito do património e da história; por outro lado, é cada vez maior e mais incentivada, no Ensino Secundário, a estreita ligação do estudante ao meio em que a Escola se insere. Daí resultam trabalhos académicos de real valia, que não podem ficar ignorados nas gavetas dos docentes ou nos armários das escolas. Uma revista cultural local – em papel – constitui, pois, o meio ideal para ser esse repositório.
            Louve-se, por isso, o facto de a Associação Cultural de Oeiras ter ousado meter ombros à publicação de uma revista cultural semestral de que o 1º nº foi solenemente apresentado no passado dia 20 de Maio.
            Excelente papel couché, profusamente ilustrada e de primorosa paginação, está dividida em secções: opinião, testemunho, contraponto, estudos, arquivo da memória, tributo, olhar cruzado, estante e breves. Explicita-se, no final do índice, que os textos remontam a 2013, apenas tendo sofrido agora leves retoques, apenas para a absolutamente necessária actualização.
            A temática versa, na sua totalidade, Oeiras, o seu património, as suas personalidades, a sua história, os seus monumentos. Permita-se-me que apenas refira alguns: «A praça pombalina de Oeiras» (Fátima Bombouts de Barros), «O pelourinho – um símbolo da autonomia oeirense» (Jorge Miranda), «De Casa dos Coches a Paços do Concelho» (Célia Garrett Florêncio); «O parque municipal de Oeiras… que Oeiras possui sem o saber» (Rodrigo Alves Dias); e Joaquim Boiça traz-nos uma representação da fortaleza de S. Julião da Barra no século XVI. O tributo é mui justamente prestado a Victor Wladimiro (1934-2012), notável vulto da nossa Cultura.
            90 páginas que se lêem com agrado e muito proveito.
            E eu voltava ao princípio, se me dão licença: os boletins culturais camarários têm habitualmente uma vida efémera ou muito irregular. Estou a lembrar-me do «Arquivo de Cascais», do «Arquivo de Beja», da «Xelb» de Tavira, da «Olisipo» de Lisboa… que saem, como sói dizer-se, quando el-rei faz anos (e agora até não há reis entre nós…). Por isso, o meu voto não poderia ser outro: que Espaço & Memória tenha uma vida longa, próspera, fecunda e… semestralmente nos visite, como prometido está.
            Aos dirigentes da Associação Cultural de Oeiras um grande abraço de bem merecidos parabéns!
                                                               José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, edição de 2 de Junho de 2017:

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