sexta-feira, 28 de abril de 2017

Mel - doçura tradicional

             Pasmei. Era uma multidão! Nunca assim vira o nosso pitosporo. Bem cheiroso sabíamos que era; em plena floração, um encanto de ver; mas… com dezenas de formosas abelhas, a saltar de flor para flor e a sugarem-lhe o pólen disso nunca nos apercebêramos! Dezenas! Numa azáfama, como se o néctar lhes pudesse vir a escapar de um momento para o outro!...
            E fiquei contente por esse aconchegado recanto do jardim proporcionar tão apreciado acepipe a abelhas vindas sei lá donde, porque o nosso vizinho que era apicultor já não é e, nas redondezas neste bairro urbano da periferia de Cascais, não dou notícia de haver cortiços ou colmeias. «De quilómetros podem vir», explicou-me o meu vizinho. E ainda bem que mantemos bonito o pitosporo e elas o descobriram!
            A minha atenção virou-se, de modo especial, para lá, não só porque a janela da sala de jantar está mesmo em frente, mas porque, ao pequeno-almoço, me estou a deliciar com dois méis trazidos da mais recente ida a S. Brás: um mel de alfarrobeira e um mel de rosmaninho, ambos de apicultores são-brasenses credenciados. Um gosto!
            E o pensamento não podia deixar de voar para a minha infância, quando, moço pequeno, fazia questão em ir com o Ti Zé Romão, creio que a Santa Catarina, protegido dos pés à cabeça, tirar os favos de mel aos cortiços que ele lá tinha (a cresta)!
            Mel – uma das nossas típicas riquezas a potenciar!
            Parabéns, pois, aos que insistem em não deixar perder a tradição!

                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 245, 20-04-2017, p. 11.

2 comentários:

  1. Norma Musco Mendes
    28/4 às 15:14
    Que beleza!!!!

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  2. Ana Júlia Sampaio
    Que delícia! Este ano, em Março, na altura da floração da urze, centenas de abelhas invadiram a minha cozinha à procura de se instalarem!!! Emoji smile

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