quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Estoril-Sol premeia literatura

            Decorreu na Galeria de Arte do Casino Estoril, ao final da tarde do passado dia 26 de Novembro, a cerimónia de entrega, a Bruno Vieira do Amaral, do Prémio Literário Fernando Namora, instituído pela Sociedade Estoril-Sol e referente a 2013, com que fora agraciado por um júri presidido por Guilherme d’Oliveira Martins, na sua qualidade de Presidente do Centro Nacional de Cultura.
            Presidiu à sessão o próprio Guilherme d’Oliveira Martins, que estava ladeado por Dinis de Almeida (da Estoril-Sol), por Carlos Carreiras (presidente do município), pelo premiado e por Mário Assis Ferreira, administrador da Estoril-Sol.
            Foi a 17ª edição deste concurso, que visa, homenageando a memória de Fernando Namora (a filha, Margarida Namora, esteve presente na sessão), galardoar uma obra de reconhecido mérito.
            Digno desse prémio foi, pois, nesta edição o romance As Primeiras Coisas, onde, nas palavras do presidente do júri, “Bruno Vieira do Amaral revela uma grande segurança narrativa e um excelente domínio da língua portuguesa, escolhendo uma personagem colectiva, o Bairro Amélia, de onde sai Bruno Eugénio» e onde o autor nasceu e cresceu. Acrescentou, a justificar a decisão tomada, que esse bairro, sito na margem sul do Tejo, se assume como personagem colectiva, dado que, sendo, muito embora, «um território delimitado, construído à imagem dos bairros populares que, no início e em meados dos anos 80, foram nascendo mais ou menos clandestinamente à sombra de aglomerados industriais», «representa a sociedade humana na sua diversidade e na sua complexidade, sendo um espaço de liberdade e de reconhecimento».
            Trata-se da primeira obra de ficção de Vieira do Amaral, que, formado em História Moderna e Contemporânea, tem desenvolvido actividade como crítico literário, tradutor e editor da revista LER, sendo de destacar a sua obra ensaística Guia para 50 Personagens da Ficção Portuguesa (Lisboa, Editora Guerra e Paz, 2013).
            Mário Assis Ferreira começou por assinalar a «excelência selectiva do júri», uma vez que, por não apresentarem qualidade, não se galardoara nenhuma das obras candidatas ao Prémio Revelação Agustina Bessa Luís. «A promoção da cultura», disse, «é um desígnio que acompanha a nossa actividade. A aposta na Cultura, na Arte e no Espectáculo» assume-se como elemento distintivo da Estoril-Sol. Por isso, ora se institui também um novo prémio, consagrado à Cidadania Cultural, com periodicidade anual, no valor de 40 mil euros, em homenagem à memória de Vasco Graça Moura, que presidiu aos júris destes prémios literários da Estoril-Sol. «Temos um compromisso com a Literatura e com a Arte»., sublinhou. É, por exemplo, a revista Egoísta «um milagre de sobrevivência». Escreveu Thomas Mann, perorou, que a Cultura se respira; continuamos a querê-la respirar aqui, com «a Cultura a servir-nos de oxigénio»!
            Após a formalidade dos agradecimentos protocolares, Vieira do Amaral declarou querer fazer «um discurso sobre a decência». Evocando De hominis dignitate, o famoso discurso pronunciado, em 1486, por Pico della Mirandola, também chamado «Manifesto da Renascença», e citando, mais adiante, Camus, enveredou, de facto, por um discurso erudito, sempre com medo de que os óculos lhe caíssem, uma espécie também de manifesto, para que o Homem não degenere em besta, saudando – se bem compreendi – aqueles que, em tempo de peste, acolhem a decência.
            A escultura a simbolizar o prémio foi entregue pelo presidente do júri e o sobrescrito, com um cheque de 15 000 euros, pelo Dr. Assis Ferreira. Estiveram presentes cerca de meia centena de personalidades, ligadas, de modo especial, à Cultura.
            Seguiu-se, no Restaurante Mandarim, um jantar em honra do premiado.

                                                           José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, edição de 02-12-2015:

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