quinta-feira, 2 de julho de 2015

Pedro e o Lobo – bom pretexto para dançar!

            E resultou! A ideia pairava há tempo. Não se sentia, porém, coragem de ensaiar este arrojo: uma adaptação de Pedro e o Lobo, de Sergei Prokofiev, como pretexto para dar conta do trabalho de um ano inteiro! Mas resultou! E os meninos, sentindo-se personagens da história, esmeraram-se ainda mais e proporcionaram-nos um espectáculo que tivera tanto de arrojado à partida como de êxito pleno à chegada!... Nisso inclusive ajudou muito – estou certo! – o bem adequado guarda-roupa que todos ufanamente envergaram. Lindos!
            Em sincronia perfeita, em justa sintonia… deliciaram-nos!
            Refiro-me ao espectáculo de final d’ano da EDAM – Escola de Dança Ana Mangericão, que se realizou na tarde de domingo, 14 de Junho, no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra. Hora e meia a titilar uma assistência embevecida – não fossem seus filhotes e familiares os desinibidos actores!...
            Tudo se passa na floresta. Na primeira parte, o retrato idílico de um bonito mundo onde apetece sorrir, bailar docemente, deixar-se enlevar… Na segunda parte, porém, o perigo espreita na figura estereotipada do lobo mau, sempre pronto a destruir maravilhas em seu próprio proveito. Desde pequeninos, de facto, há que ensinar cautelas. Trava-se a luta, engendram-se estratagemas de parte a parte – e é um encanto verificar como, em plena comunhão de gestos, movimentos, melodias e sons, assim se esparge beleza e se dá testemunho do longo treino adquirido, pautado agora pela narração serena de Teresa Côrte-Real, justamente homenageada no fim por Ana Mangericão, alma mater de um ambicioso projecto cujos resultados de excelência, mais uma vez, aqui, ficaram cabalmente demonstrados.
            Tudo parece bem simples. Facilmente esquecemos as longas horas a repetir, a repetir; e a pensar no trajo que será mais ajustado a cada naipe. Não deixa indiferente – nem pode deixar! – aquele palco final recheado, desde os mais pequeninos, de palmo e meio, às orgulhosas finalistas, bem cientes de quão foram excepcionais para elas (e uso agora o feminino, porque elas estão em maioria absoluta…) as horas passadas na EDAM.
            Toda a equipa foi, naturalmente, chamada e envolvida em longo e bem merecido aplauso.
            Apresentou, como vem sendo habitual, Adelaide Sousa. A coreografia resultou de ampla colaboração de Ana Mangericão com Alexandra Barbosa Silva, Caroline Chapman, Eduardo Ramos, Maria João Filipe, Sara Duarte e aprendizes, e Susana Rodrigues. Ana Rita Marques adaptou o texto. Pedro Rua encarregou-se do desenho e operação de luz, Rui Braga foi o operador de iluminação e Maria João teve a seu cargo o «make-up».
            Anote-se, ainda, que a edição nº 22 do boletim da EDAM constitui o guião do espectáculo, mas foi feito como livrinho, muito bem ilustrado com fotografias das cenas, de modo que se trata, afinal, de mais um delicioso livro para crianças.
            Parabéns, Ana! Parabéns a toda a equipa! Compreendemos perfeitamente – porque temos acompanhado o corajoso percurso da EDAM – o sentido profundo das palavras com que, no livrinho, termina a sua apresentação, «pedindo humildemente a Deus a coragem e saúde, para – com o amor e a Fé que, ao longo dos anos, me tem permitido levar de vencida as enormes dificuldades – continuar o projecto que implementei na valorização e saudável formação dos nossos alunos»! E Deus a ajudará!
                                                         José d’Encarnação


1 comentário:

  1. Parabéns às crianças, aos professores àqueles que dão a conhecer e a usufruir uma ora tão bela. Eu também pus em cena com os meus alunos, quando dirigia um Clube de teatro, esta obra. Foi inesquecível!

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