segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Vasculhando na prateleira…

             Início de novo ano pode ser bom pretexto para se ir vasculhar na prateleira os temas que estavam para ser abordados e que, por um motivo ou por outro, acabaram por aí ficar. Repesquemo-los.

Escola de negócios

            No Expresso de 27 de Setembro, p. p., um banco orgulhava-se, em página inteira, «de ser Parceiro Fundador do novo campus da NOVA School of Business and Economics em Carcavelos», anunciando «os grandes objectivos deste investimento»: «Atrair o melhor talento, transformar o ensino numa indústria exportadora competitiva, gerar iniciativas empreendedoras e criar uma rede internacional de estudantes de excelência».
            Aplaude-se, claro!
            Como é em inglês, a intenção é que esses estudantes aqui formados vão depois para o estrangeiro, não é?

Deliberações camarárias
            A exemplo de várias câmaras municipais portuguesas, também o «município empreendedor» de Santiago do Cacém inclui habitualmente na sua «informação municipal» uma separata expressamente dedicada a apresentar o «resumo das principais deliberações das reuniões da Câmara Municipal». Tenho presente o nº 35, de Outubro, que reporta as decisões de 3 de Julho a 25 de Setembro.
            Aliás, essa é também a boa prática de Oeiras. O boletim municipal Oeiras Actual tem suplemento sobre «deliberações, regulamentos». Exemplifico com o nº 227, de Setembro-Outubro, de 38 páginas, que insere esse suplemento, de 18 páginas, onde vêm os resumos do que se passou nas reuniões do Executivo e da Assembleia municipais desde 23 de Abril a 29 de Setembro. Dá-se também a conhecer o teor de editais e de contratos-programa assinados.

O hábito não faz o monge
            Terá sido essa a conclusão que tiraram as largas centenas de pessoas que acorreram à baía de Cascais na noite de 31 de Dezembro, na expectativa de que – na sequência das grandes e propagandeadas festas do Verão – a vetusta vila não deixasse seus créditos por mãos alheias e também ela queimasse ‘vistoso’ fogo de artifício. Ninguém o havia prometido, não estava na agenda e… lá se abriu o champanhe sem olhar para o ar. Quiçá foi esse um bom motivo para melhor nos olharmos olhos nos olhos, num terno sorriso de amizade, a estreitarmos nos braços as pessoas queridas, na promessa de tudo fazermos, sem estralejar de foguetes, para que 2015 seja melhor.
            Conclusão a tirar? Ousaria uma: nem todos os munícipes têm o hábito de ir ao computador ou não dispõem de posses para o ter. Se fosse perverso, aproveitaria para relembrar a falta que faz a informação escrita, em papel palpável. Mas… não quero ser perverso!

As contingências climáticas
            Não vale a pena insistir, pois toda a gente disso se apercebeu já: de um momento para o outro, uma forte bátega de água é bastante para deitar a perder anos de trabalho, haveres de uma vida e, até, por vezes, vidas humanas. Cascais não constitui excepção. E o voto para 2015 – no momento em que se giza o novo Plano Director Municipal – é que os responsáveis procurem evitar, o mais possível, a impermeabilização dos terrenos, reprovando novos empreendimentos imobiliários. À vista desarmada, de um leigo na matéria, o mercado habitacional do concelho afigura-se suficiente, tantas são as casas que há por aí para arrendar e, sobretudo, para vender.

Capacidade de mobilização
            A exemplo de outros municípios, Cascais tem o seu ‘orçamento participativo’: são apresentadas propostas, que, aceites, ficam à mercê de uma votação do povo. E que é «o povo»? Tal como acontece nos programas televisivos em que se pede «aos portugueses» que votem no seu favorito e eu me pergunto sempre quem são «os portugueses», esses tais de quem depois se diz: «E os portugueses decidiram!...». Em 2014, os promotores de propostas aperceberam-se de que o importante era levar a água ao seu moinho usando para esse efeito todos os meios ao seu dispor. Assim, tive ocasião de ver que, no dia da romagem anual ao cemitério, lá estava à porta uma pessoa de papelinho na mão a pedir voto. Por aqui e por ali, as acções de publicidade ocorreram. Acho muito bem: mobilize-se o povo! Tive pena que o projecto em que votei tenha perdido por meia dúzia de votos; mas democracia é isso: ganha quem tem unhas para a guitarra!

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 75, 14-01-2015, p. 6.

 

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