sábado, 18 de outubro de 2014

Adufe - O palpitar do património

              Nunca será de mais sublinhar o interesse de que se reveste a existência e regular publicação de uma revista cultural municipal. Aí se pode dar conta do que de mais significativo as terras do município contêm em todos os seus aspectos: na paisagem, nas gentes, costumes e tradições.
            Adufe, revista cultural de Idanha-a-Nova, 15 000 exemplares, é uma dessas revistas a coleccionar, tão rico é o seu conteúdo.
            Acabo de receber o nº 22, relativo a 2014. 136 páginas, ricamente ilustradas, agora bilingue (com textos em português e em inglês). As cavalhadas do Rosmaninhal, portefólio, com mui sugestivas fotografias a preto e branco, de Valter Vinagre. Augusto Mateus, ex-ministro da Economia, faz, a partir de Idanha, um diagnóstico do mundo rural português e aponta como se devem conjugar as visões e as práticas tradicionalistas com um regresso à terra qualificado e jovem. A aposta na agricultura inovadora: figo da índia (motivo da capa), mirtilo, melancia, marmelo, dióspiros… Um álbum com as pontes, uma marca no concelho. E os aromas silvestres? – A esteva, a giesta, a murta, a roseira brava, o poejo, o rosmaninho – uma sedução em pinturas (de João Fazenda) assaz eloquentes. E não podia faltar um hino aos sons invulgares proporcionados pelos instrumentos típicos, nossos: a harmónica, a bandurra, a zamburra, a guitarra portuguesa (claro!), a rabeca, o acordeão, o bandolim, a palheta, o cântaro, o bombo – tudo explicado e com foto (assinada por Valter Vinagre) do seu principal tocador. A Ti Chitas, a exímia tocadora de adufe que Michel Giacometti imortalizou. «Uma tarde na Aldeia de Santa Margarida», mero pretexto para, em desenho a tinta-da-china (de Paulo Longo), se mostrarem os seus recantos típicos. 18 meninos e meninas, de adufe, na mão, são apontados como… o futuro! E dá gosto vê-los sorrir! E o texto de Tito Lopes sobre o tira-olhos, tão bem ilustrado por Bernardo Carvalho (do Planeta Tangerina)? Um mimo! E há ainda a rota da Estrela integrada nos Caminhos de Santiago (proposta de passeio pedestre). E as informações úteis para quem chega, profundamente humanizadas, porque por detrás de cada uma, poderíamos dizer, há sempre alguém que sorri!
            Peço desculpa por não ter feito parágrafos; mas é que este Adufe é mesmo para ler de carreirinha, a encher-nos a alma! O exemplo sábio que vem do interior do País!

Publicado em Cyberjornal, 17-10-2014:

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