quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Esse vereador não existe!

             É bem conhecida aquela história segundo a qual um senhor se candidatou a jardineiro da Microsoft e não foi admitido por não ter endereço electrónico.
            ‒ Se não tem endereço electrónico, o senhor não existe, como é que eu lhe posso enviar o contrato para assinar?!...
            O homenzinho meteu a viola no saco, contou os cêntimos e, dia após dia, foi-os investindo na compra de fruta até que, anos passados, se tornou num potentado na distribuição da fruta naquele Estado. Lembrou-se, então, de que seria bom fazer seguro, não fosse o Diabo tecê-las! E a cena foi a mesma:
            ‒ Não tem endereço electrónico e é o proprietário de uma frota destas? Já pensou o que seria se tivesse endereço electrónico?!...
            ‒ Sim, já pensei: era jardineiro da Microsoft!...
            Lembrei-me da história quando, outro dia, ao pretender enviar uma mensagem a todo o Executivo de uma Câmara Municipal portuguesa, me apercebi – consultando a página – que, dos seus cinco membros, não constava de dois, aqueles a que não tinham sido atribuídos pelouros (certamente por serem da oposição), o respectivo endereço electrónico. Nem telefone de contacto. Achei deveras… curioso!
            Claro: ‘curioso’ é eufemismo meu!
            E das duas uma:
            ‒ ou não tem direito a endereço electrónico porque não querem e, aí, fez bem o Povo em não lhes dar grande confiança, porque, assim, nem sequer lhes podem fazer chegar reclamações, pois oposição que se preza deve ter opinião e fazer oposição;
            ‒ ou não têm direito porque o partido eleito lhes negou tal possibilidade e, aí, não percebo como é que o(s) partido(s) da oposição se não rebelaram, não vieram já para a praça pública, a verberar um despotismo que, em pleno século XXI, se cria erradicado do País. Aliás, tanto o partido ganhador como o(s) perdedor(es) não merecem, a meu ver, a mínima confiança, ao pactuarem com a situação!
            Na página de uma outra Câmara Municipal, a situação é idêntica, mas num outro sentido: só os cinco membros do Executivo do partido ganhador têm direito a fotografia; os outros dois… não!... Ora toma!

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 645, 01-09-2014, p. 11.

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