quinta-feira, 21 de agosto de 2014

De braços abertos!

            Alportel teve nome por ser local de passagem: da serra para o lado do mar, da planície costeira paras os mistérios serranos. Contudo, S. Brás aqui, S. Romão mais além constituíram, desde cedo, convite a reconfortante e salutar pausa na caminhada.
            Tradição a revitalizar? Não tenho dúvidas! E com carácter de urgência!
            Voltaram os tempos de sedutora emigração, demónio que se julgara exorcizado para sempre, com a agravante agora de estarem a ser cativadas, por imperiosa necessidade, as camadas mais jovens, aquelas para quem, afinal, a Universidade do Algarve fora criada, assim como tantas outras estruturas destinadas a favorecer a fixação que se impunha. Com a agravante de a miopia dos governos de Lisboa, na ilusória miragem duma poupança impossível, parecer apostada a fechar repartições, tribunais, centros de saúde…
            Acolher é, pois, tarefa prioritária – para que a nossa identidade se não esboroe e se mantenha bem alto o grito de autonomia lançado há cem anos atrás!
            Concelho instalado – mas não entalado – bem no coração do Algarve, S. Brás de Alportel detém três valores a potenciar: a sua paisagem, as suas gentes, as tradições.
            No que à paisagem diz respeito, sabemos como é preocupação maior da autarquia salvaguardar este ambiente único, de mui variegada vegetação a meigamente envolver o salpicado casario, reabilitando-se, inclusive, caminhos e fontes antigas, a cimentar comunidade….
            Quanto às gentes, regressam cada vez em maior número os que, há 40/50 anos, partiram e sentem saudades do rincão natal, das casas, que pouco a pouco e com adequado apoio autárquico, é tempo de recuperar. E procuram-nos os estrangeiros, na busca de apetecida serenidade, mormente após azáfamas de vidas agitadas – um abraço enorme se sente no ar!
            E as tradições? O Museu do Trajo e as múltiplas associações locais prosseguem, de mãos dadas com a autarquia, essa imprescindível tarefa de reabilitar o que nos distingue, o que nos fez crescer como concelho, o que gera riqueza. Pensa-se nas tochas floridas, nas exposições retrospectivas, nas artes e ofícios ressuscitados… Mas também na necessária ressurreição das nossas terras, em renovada fecundidade da agricultura, mãe de um progresso regenerador!
            Venham os braços – nós cá estamos para os acolher!

Publicado em Notícias de S. Braz [S. Brás de Alportel], nº 213, 20-08-2014, p. 21.

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