quinta-feira, 12 de junho de 2014

Notas positivas e notas negativas no dia 7

             Não houve morteiros de alvorada nem fogo-de-artifício no final: e esta é a primeira nota positiva.
            Segunda, a celebração de missa na Capela de Nossa Senhora da Vitória, sita na Cidadela. Anunciou-se como ‘evocativa’ do 650º aniversário da elevação de Cascais a vila; eu teria preferido que se designasse «de acção de graças», mas considero que o local foi bem escolhido, por todo o simbolismo que representa: é seu orago a Senhora da Vitória e nós queremos continuar vitoriosos; aí esteve durante décadas a imagem de Santo António que acompanhou o Regimento 19 na batalha do Buçaco.
            Terceira nota positiva: a visita à Fortaleza de Nossa Senhora da Luz guiada pela Dra. Margarida Ramalho, que muito tem trabalhado na valorização do espaço, agora com outros atractivos. Recorde-se que o Município, em colaboração com a Associação Cultural de Cascais, procedeu à sua primeira abertura ao público no último trimestre de 1989, por ocasião da grande exposição polinucleada «Um olhar sobre Cascais através do seu património», aí tendo ficado exposto o núcleo «Cascais na época dos Descobrimentos». De bom augúrio, pois, esta reabertura, se prenúncio for de um maior interesse pelo património arqueológico concelhio.
            «Muraliza» – de ornar paredes com murais – foi outro dos projectos iniciado. Reúne seis intervenções, no centro da vila, com vista à criação de um Circuito de Arte Mural: murais de grande e média dimensão, tendo Cascais por tema. Mário Belém, Nomen, Arraiano, Exas, Youth One e Add Fuel – os artistas que darão corpo à iniciativa.

Museu do Mar
            De tarde, no Museu do Mar, após a entrega de prémios do concurso de Banda Desenhada em que participaram alunos das escolas do concelho, inaugurou-se a exposição Memórias Vividas, que mostra o percurso do local, desde que serviu de parada (daí o nome por que foi conhecido durante muitos anos e ainda é), até sede do Sporting Club de Cascaes, frequentado por el-rei D. Carlos e pela nobreza e burguesia e até ser o que hoje é. Há catálogo.
            Saliente-se o cuidado que houve em, através de uma espécie de óculos náuticos, se poderem ‘espreitar’ dois dos diaporamas que constituíram o que de mais inovador se fez no primeiro Museu do Mar.
            Foi aproveitado o ensejo para mostrar aos participantes a riqueza que, na verdade, o museu alberga; sem dúvida, um dos mais paradigmáticos museus do concelho, pela grande ligação ao mar e às suas gentes.

Salão nobre
            Solene, a cerimónia seguinte, no salão nobre dos Paços do Concelho. E teve razão o presidente ao afirmar que a cerimónia não podia ter outro cenário.
            Primeiro, o lançamento de postal comemorativo. Tem vista da baía tirada do cimo do Parque Palmela aí pelos anos 50, sem paredão, o jardim arborizado do palacete Palmela e selo de taxa paga com o brasão da vila. Explicou o significado do que é o «postal comemorativo» Francisco de Lacerda, Presidente & CEO da empresa CTT, ou seja, o seu Chief Executive Officer, a sua maior autoridade na hierarquia operacional.
            Seguidamente, em discurso muito bem estruturado, João Miguel Henriques, responsável pelo Arquivo Municipal, explicou o conteúdo da magnífica obra que, no final, foi oferecida aos presentes, na versão em papel, mas que está doravante disponível também em versão digital. Tem por título 1364-2014. Cascais Território . História . Memória. 650 anos. 227 páginas que valem quanto pesam!
            Encerrou a sessão o Sr. Presidente da Câmara, a acentuar as características identitárias cascalenses.

Teatro de Rua e concerto
            Era aí pelas 19 horas quando chegaram, engalanados, os cavalos da GNR, em guarda de honra ao jipe que trazia el-rei D. Pedro I. E vieram os cães amestrados. Atractivas demonstrações. E veio o bobo, que faria de elo de ligação entre as partes. E vieram os ranchos, em princípio para mostrar trajos e danças – mas foi mais uma espécie de festival de folclore, longo de mais, repetitivo, desnecessário, enfadonho. Nota muito negativa.
            Brilharam os alunos da Escola de Dança de Ana Mangericão e os estudantes da Escola Profissional de Teatro de Cascais, embora os espectadores, cansados de tanto ‘tacão e bico’, tenham acabado por não conseguir apreciar, como conviria, o drama de Pedro e Inês e a outorga da carta de vila – que era, afinal, aquilo para que se estava ali. Parabéns a Carlos Avilez e seus colaboradores. Valerá a pena repetir o «auto», mas sem folclore!
            Quanto ao chamado «mega concerto», foi «mega» por ter muita gente no palco, mas… não faltarei decerto à verdade se afirmar que… de lá saímos pouco convencidos. O som não esteve bem; Ricardo Carriço dava umas explicações em voz pouco perceptível; cada artista apenas cantou um número de seu repertório (a incitar o público a cantar com ele, ‘parabéns, Cascais!’...), Ana Moura encantou-nos mais com o seu ‘Desfado’ quando ensaiou à tarde do que quando actuou. Parabéns são devidos ao maestro Nikolau Lalov por ter logrado acompanhar tanta gente!

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 48, 11-06-2014, p. 6.

 

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