quinta-feira, 5 de junho de 2014

Inscrições são motor de viagem

            Aguardamos que, a todo o momento, se possa anunciar a entrada na grelha da programação da RTP da série Escrito na Pedra, que, partindo de uma inscrição antiga, vai à descoberta de um monumento.
            Foram cinco os monumentos seleccionados:
            ‒ a sumptuosa villa romana de Milreu perto de Faro, que terá sido importante residência de rico magistrado da vizinha Ossonoba;
            ‒ as minas romanas de Vipasca (Aljustrel), de que temos duas placas de bronze com a legislação imperial relativa quer à exploração do minério quer à vida quotidiana (há regras para o concessionário dos banhos, para o sapateiro, para o barbeiro e até aí se diz que os professores ficam isentos de impostos!...);
            ‒ a cidade de Tongobriga (Freixo, Marco de Canaveses), de que se conhecem amplas estruturas urbanas, como o forum e as grandes termas públicas;
            ‒ o castro de Monte Mozinho (Penafiel), seguramente um dos maiores castros proto-históricos portugueses, que também foi povoado pelos Romanos recém-chegados;
            ‒ finalmente, já em plena época medieval, o mosteiro de S. João de Tarouca, um monumento ao saber dos monges de Cister.
            Para além de pormenorizada visita ao monumento em si, onde a reconstituição tridimensional virtual – levada a cabo pelo engenho dos técnicos de computação gráfica da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, sob coordenação de Paulo Bernardes – não deixará de ser aliciante maior, acentue-se que, em torno de cada um dos sítios se geraram enormes ‘cumplicidades’, com a mais ampla colaboração local, pois que a realizadora do programa, Maria Júlia Fernandes, se não limitou a contar a história do castro, da villa ou da cidade, mas procurou integrá-la na vida das gentes de hoje e de outrora. Assim, se no Algarve, partimos de uma conversa a propósito de uma escrava e de uma senhora que morre aos 80 anos e nos demoramos, com um pescador, a admirar os peixes representados nos mosaicos policromos, em Aljustrel convivemos com os mineiros e seus cantares; em Tarouca, espraiamos o olhar pelos úberes vinhedos além e rejubilamos com a ‘descoberta’ recente das enormes potencialidades económicas da baga do sabugueiro…

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 640, 01-06-2014, p. 12.


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