domingo, 13 de abril de 2014

Rosas vermelhas em gesto de gratidão

            Teve uma rosa vermelha a única senhora da Banda Sinfónica da Guarda Nacional Republicana assim como os membros femininos do Coro do Teatro São Carlos; rosas vermelhas se entregaram às senhoras, à saída do Salão Preto e Prata do Casino Estoril, pelas 22.30 horas do passado dia 10, após o concerto “Música e Vozes para Nobres Causas”.
             É que, oferecido pelo Comando-Geral da GNR e pela Administração do Teatro São Carlos à Santa Casa da Misericórdia de Cascais, com o patrocínio da Estoril-Sol e do Banco Santander Totta, o concerto inseriu-se no conjunto de iniciativas que estão a ser promovidas pela Santa Casa, visando não apenas um ainda maior relacionamento com a comunidade mas também – e, dir-se-ia, sobretudo! – a angariação de patrocínios e apoios destinados a uma obra social a todos os títulos meritória e carente de mais eficaz sustentáculo, dadas as enormes dificuldades que as famílias atravessam – e é para as famílias, nomeadamente crianças, jovens e idosos, que os 563 colaboradores da Misericórdia denodadamente trabalham.
            Vibraram os cerca de 700 convidados que acorreram ao Salão Preto e Prata com um concerto singelo, mas muito bem executado e, de modo especial, por ter sido escolhido um repertório alegre, para exorcizar as quotidianas amarguras… Estou certo que a maior parte de nós não terá deixado de acompanhar mentalmente (ou a trautear baixinho…) as melodias virtuosamente executadas.
            Começou-se com a “Abertura Festiva em Lá Maior, Op. 96”, do russo Dmitri Shostakovitch. Deliciou-nos, mais uma vez, o ‘Bolero’ de Ravel (de execução excelente, o maestro Cap. João Afonso Cerqueira foi ouvindo, impávido e sereno, e só já lá mais para o fim é que começou a dar umas indicações subtis, e fez questão de propor merecidos aplausos, no final, a cada um dos solistas). Veio depois o conhecido intermezzo da famosa zarzuela “La Boda de Luis Alonso” (datada de 1897), do sevilhano Gerónimo Giménez.
            Entraram depois os 60 elementos do Coro, eles de fato preto, a rigor, elas a envergar opulentos vestidos de variadas cores claras, quais damas antigas preparadas para mui requintada ‘soirée’… E balanceámo-nos (tinha de ser!) ao ritmo do «Va pensiero…», da ópera «Nabuco», de Verdi, a evocarmos as saudades que os hebreus, escravos em cosmopolita Babilónia hostil, teriam da sua Terra Prometida: vai, pensamento, em asas douradas… e detém-te nas encostas e nas colinas onde é possível sorver as tépidas, brandas e doces aragens que se evolam das margens do rio Jordão!...
            De Georges Bizet e da sua «Carmen» fomos brindados com o também conhecido coro do IV acto «Les voici! Voici la quadrille!...». E imaginamo-nos em Sevilha, em tarde de toiros e a multidão a saudar, entusiasmada, a quadrilha de toureiros que chega!
            E voltámos a Verdi. Primeiro para o coro dos ciganos da ópera «O Trovador» e, a terminar, antes de mais uma acentuação extra-programa que mui gostosamente o público acompanhou, Verdi ainda, mas da ópera ‘Aida’: a marcha triunfal «Gloria all’Egitto”.
            Saímos consolados!
            Um elemento da OPART (Organismo de Produção Artística, E. P. E.) saudou, no início, os assistentes e sublinhou quanto havia sido honroso terem o Coro (agora a completar 70 anos de existência) e a Banda Sinfónica aceitado estar ali, numa acção de benemerência. Isabel Miguens, provedora da Santa Casa, agradeceu de antemão a quantos contribuíram para o sarau e a ele se quiseram associar, também em missão de cruzada pelo bem-fazer.

Publicado em Cyberjornal, edição de 12-04-2014:

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