sábado, 18 de janeiro de 2014

A casa comum

            Recorda-se, de quando em vez, que teve S. Brás palácio episcopal, residência de férias do bispo do Algarve. E dá a impressão de que seria esse o único edifício digno de conservação, caso tivesse havido tal cuidado.
            Hoje, porém, a noção de património edificado vai mais além dos palácios, dos templos ou das fortalezas. A própria casa de habitação – o que poderíamos chamar a «casa comum» – está a merecer a atenção devida Há-as, de resto, com alguma monumentalidade, herdeiras quase do monte alentejano – e por isso amiúde se lhes chama ‘monte’ também. É a casa de família, onde conviviam três gerações: os pais, os filhos e os netos. E onde havia a despensa, a grande cozinha (duas, por vezes), os quartos, a sala-de-jantar… E, para as actividades agropecuárias, a adega, o celeiro, o palheiro, a pocilga dos porcos, o galinheiro e a coelheira, o estábulo para os cavalos, os machos, os burros e, até, a cabrinha ou as duas ou três ovelhas...
            Na chaminé ou no lintel da porta principal se gravavam as iniciais do primeiro proprietário e a data da construção.
            Típicas, caiadinhas, essas nossas casas são-brasenses, quer as dos «montes», quer as da vila, onde o orgulho dos proprietários se revelava no apurado trabalho das cantarias, em que sempre fomos mestres.
            É por tudo isso que consta do programa das comemorações do nosso centenário a elaboração do inventário dessas casas comuns, motivo, também elas, do nosso orgulho são-brasense!

Publicado em Notícias de S. Braz, nº 206, 20-01-2014, p. 21.

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