quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Os são-brasenses migrantes

             Referíamo-nos, na passada edição, aos são-brasenses que demandaram outros países.
            Grande responsável da ida, por exemplo, de canteiros para Marrocos deve ter sido o grande entusiasta da fundação do nosso concelho, João Rosa Beatriz, que, como vice-cônsul de Portugal em Mazagão, facilmente logrou regularizar a situação dos são-brasenses que chegavam àquele reino em busca de trabalho. Muitos deles foram para a zona de Meknés, abundante em pedreiras, cidade onde, aliás, após 1940, Rosa Beatriz foi obrigado a residir pelo representantes do governo francês em Marrocos, devido à sua atitude política não estar conforme às leis aí em vigor.
            Mas amiúde se fala desses trabalhadores da pedra e da influência que posteriormente vieram a ter, justamente porque, depois de acabadas as obras em Marrocos, debandaram, por exemplo, Cascais, para trabalharem nas pedreiras.
            Deveras oportuna foi, pois, a notícia veiculada pelo nosso jornal, também na edição de Agosto último (p. 13), referente à presença de são-brasenses em Ermidas-Sado, neste caso no âmbito da actividade corticeira.
            Da ida de mão-de-obra para a esgalha da cortiça no Alentejo, em meados do século passado, muitos ainda estarão lembrados. Agora, a monografia de Paulo Alexandre Gomes, Ermidas-Sado – História de uma Povoação Contemporânea, editada, em 2000, pela Junta de Freguesia local, de que – mui justamente – o nosso director ora se fez eco, veio chamar a atenção para o importante papel que tiveram os homens da cortiça são-brasense no desenvolvimento dessa povoação de encruzilhada, servida pelo caminho-de-ferro precisamente para dar vazão à cortiça.
            Fomos lançando sementes aqui e além, terra de encruzilhada que também somos. E essa é uma história que não podemos esquecer!

 [Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 202, 20 de Setembro de 2013, p. 21].

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