terça-feira, 23 de abril de 2013

Repentes do tempo, dos moços e dos bichos…

            São frases do quotidiano e que até podem aparecer nos dicionários; contudo, o sabor que delas dimana só experimentado é que mantém a genuinidade original.
            O tempo, por exemplo, tema inevitável de nossas conversas diárias:
            – «Olha: o tempo alimpou!»: estava nublado ou de chuva e, de um momento para o outro, um sol radioso, um céu azul…
            – Ena, moce, que hoje vai estar aí uma caloraça! Já se sabe: depois d’almoço, a gente fica com uma soneira desgraçada, está visto! E tu tem-me tento: não fiques praí à soalheira, sem nada na cabeça, ouviste?
            Havia, creio, lá para as bandas do alto de São Romão, um sítio que era a Soalheira. Se calhar, ainda há. Acho que era porque, no Verão, o Sol bem queimava ali pelas quebradas e só as cigarras se ouviam…
            – «Fazer bilharetas!»: faziam-nas os moços pequenos, traquinas. «Põe-te quieto, moce, que me afeleias!...». Mas são sobretudo os gatos, que com qualquer coisa se entretêm e dão pinotes, corrimaças… bilharetas!
            Atão nam viste por aí o bichane? Hum, quer-me parecer que ele foi mais uma vez dar um viajo… Logo aparece!

Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 171 (Abril 2013) p. 10.

 

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