sábado, 27 de abril de 2013

C. Carreiras ficou... «verdadeiro homem»

                « – É curioso… Nunca plantei uma árvore!
                – Pois é um dos três grandes actos sem os quais, segundo diz não sei que filósofo, nunca se foi um verdadeiro homem… Fazer um filho, plantar uma árvore, escrever um livro. Tens de te apressar, para ser um homem».
                É excerto do diálogo entre Jacinto e o amigo Zé Fernandes, n’A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, «enquanto o Manuel Hortelão apanhava laranjas no alto de uma escada arrimada a uma alta laranjeira».
                No caso vertente, Carlos Carreiras apressou-se: faltava-lhe escrever um livro! E aí está Com vista para o Atlântico, colectânea de 88 das 101 crónicas que, de 15-3-2011 a 19-2-2013, publicou no jornal I. Crónicas ‘datadas’, como salientou, de intervenção perante os problemas nacionais e do mundo.
                Abriu a sessão de apresentação, que decorreu no dia 23, no Clube Naval de Cascais, perante cerca de 200 amigos e simpatizantes, o director do jornal, Eduardo Oliveira e Silva: essas crónicas semanais, que primaram pela assiduidade, ajudaram a reflectir sobre a realidade política, económica e social que nos rodeia, sublinhou.
                Ana Sá Lopes, directora-adjunta, que mais directamente esteve ligada à edição, referiu-se a Carlos Carreiras como «um psd com pensamento autónomo», que soube sempre explicar que estamos numa guerra entre o Norte e o Sul e que se inclui entre os poucos sociais-democratas que sabem estarmos a caminhar a passos largos para o abismo.

                Às 18 horas e 38 minutos, Marcelo Rebelo de Sousa disse que iria dividir a sua apresentação em três pontos: o livro, o autor e o autor em Cascais. Do livro, afirmou que aí se veiculava uma opinião não-alinhada, preocupada, bem escrita, de contínua preocupação pela realidade mundial. Do autor, «de cabelo escasso na careca vasta», disse que tem desaparecido o cabelo mas tem ficado a rebeldia de quem pensa pela sua própria cabeça, de um homem que se fez a pulso, na escola da vida. Quanto a Cascais, confirmou ser a política local a mais difícil de fazer e, confessando-se ‘ingénuo’, afirmou: «O lançamento deste livro nada tem a ver com as próximas eleições autárquicas». Sugeriu, pois, que o autor, pragmático e sonhador como é, «pode continuar a escrever crónicas para o I; mas, no dia-a-dia, que se consagre a Cascais».
                Em resposta, às 18 horas e 57 minutos, o autor agradeceu ao apresentador, aos editores, a Gonçalo Venâncio a preciosa ajuda que lhe foi dando; confessou que a ‘sua’ crónica mais «partilhada» nas redes sociais transcrevera a resposta que Pedro Passos Coelho lhe dera a propósito da TSU (sem que o próprio PPC o soubesse). Referiu-se a um termo de seu especial agrado, «glocal», cuja origem historiou: é a preconizada sintonia entre o global e o local. A economia deve subordinar-se à política; e se as duas grandes certezas da actualidade, a imprevisibilidade e mudança, configuram, de certo modo, esta 3ª grande guerra que a Europa está a viver, reiterou a ideia de que «se algum país tem de sair do euro é a Alemanha».
                Referiu, a terminar, pouco antes das 19.30 horas, que, apesar de tudo, há lugar para a esperança e que o Movimento Viva Cascais aí está para a alimentar.

Publicado no Cyberjornal, 2013-04-26:

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