quinta-feira, 28 de março de 2013

Andarilhanças 67

Dar de comer aos bichos
            «Ainda que não haja por ali nenhum aviso nem tenha sido distribuído qualquer comunicado, a esse respeito, à população, é agora proibido dar comida às aves do Parque Marechal Carmona, em Cascais» – assim começava um texto que publiquei a 9 de Julho de 2012. Dele dei conhecimento a quem de direito, que fez o favor de me responder, informando que a norma fazia parte dos regulamentos gerais camarários. Perguntei se não seria interessante colocarem-se avisos com indicação dessa legislação, ainda que fosse em letra miudinha. Ninguém me respondeu. Também nunca mais entrei com o meu neto pela zona do lago, para o poupar ao espectáculo de as gaivotas a atacarem as crias e a roubarem os ovos. Sobre isto, aliás, disseram-me que… era a lei da Natureza: uns bichos comem os outros!
            Consequentemente, deixei de me preocupar com os bichos do parque. A vida é deles, amanhem-se! Contento-me com deixar migalhas no meu jardim e consolo-me ao ver a passarada vir cá comê-las!

Viveiros de peixe
            SIC, jornal da noite, 12-03-2013. O tema: aquacultura. Somos o 3º maior consumidor de peixe do mundo! Mas…
            Processos a demorarem anos, vidas a consumirem-se, investimentos à espera de pareceres e pareceres que se eternizam, consultores e mais consultores, licenças disto e daquilo… Dinheiro a esvair-se sem préstimo por entre os dedos, riqueza esperdiçada… Resmas e resmas de papel gastas para uma licença dada por dez anos apenas: ainda agora começámos e a década está a findar!...
            Condições excepcionais das nossas águas. Ostras a fazerem a delícia de franceses, em França…
            E não há quem ponha mão nisto, senhores? Ninguém vê?
 
O Dubai
            Apresenta-se o Dubai como o eldorado, pois riqueza por lá não falta e todos os técnicos são bem-vindos. Fiquei, pois, altamente surpreendido quando recebi uma mensagem a informar-me que o «Dubai não tem sistema de esgotos para os seus arranha-céus», dependendo, por isso, de camiões-cisternas, que – tal como se mostra no vídeo http://forums.themavesite.com/index.php?topic=14510.0 – formam filas de quilómetros e quilómetros.
            E perguntamo-nos como é possível.

O inefável pendão para o chiste
            Continuamos, felizmente, a conseguir rirmo-nos de todos os nossos males, na sequência daquele célebre dito da II Grande Guerra: «Queres boas anedotas de guerra? Vai a Portugal!».
            E o puto é renitente a comer a sopa. E a mãe insiste. E o puto começa em surdina: «Grândola, vila morena!...».
            E a personagem do filme de 007:
            – My name is Ervas. Bem, não era bem assim, mas… deram-me a equivalência!

Outras… dificuldades!
          Recebi a série de imagens que mostram jovens: a tomar um café; a conviver num restaurante; a desfrutar das belezas de um museu; em agradável encontro no café; a gozar um dia de praia; a apoiar no estádio a sua equipa; a usufruir da companhia da noiva; a passear na cidade num descapotável… Traço de união entre todas as imagens: os polegares não cessam de teclar no telemóvel e ninguém liga a quem lhe está ao lado!...
            Termina a série com uma frase de Einstein:
            «Temo o dia em que a tecnologia se sobreponha à humanidade. Então o mundo terá uma geração de idiotas».

A faceta negra dos funcionários
            No editorial da passada edição (13-03-2013), o nosso director verberou o péssimo funcionamento dos serviços encarregados de fazer a avaliação dos imóveis. Interroga-se mesmo se isso não fará parte de uma campanha para denegrir a imagem dos funcionários públicos ou se é mesmo verdade que, neste caso, quem está a fazer este serviço denota, de facto, uma total incompetência e devia ser de imediato suspenso de funções: «Classificar imóveis de apenas um piso com vários, idades de mais de 60 anos passadas para metade, números de assoalhadas definidos por estimativa dão uma imagem pouco digna de quem exerce a profissão de servidor público».
            Claro que, ainda por cima, temos de pagar para que seja feita a correcção de um erro que não nos pode ser imputado!...
            É esse, na realidade, o meu medo, como já aqui por diversas vezes assinalei: que o funcionário, tratado como é pelo omnipotente e déspota Estado, se esteja nas tintas para fazer bem o seu trabalho. Pode ter razão; mas precisa de ver que os prejudicados são os seus vizinhos – ou talvez também ele próprio – e não esse Estado cujo bafo a gente nunca vê mas sente, oh se sente!...

Publicado em Jornal de Cascais, nº 334, 27.03.2013, p. 6.

 

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