sexta-feira, 5 de outubro de 2012

História da Arqueologia Portuguesa apresentada no Estoril


             Mais de duas dezenas de pessoas estiveram presentes, ontem, dia 3, ao final da tarde, no Espaço dos Exílios, no Estoril, para assistir à apresentação do livro do Doutor Carlos Fabião, arqueólogo, professor da Faculdade de Letras de Lisboa e munícipe de Cascais, intitulado Uma História da Arqueologia Portuguesa.
            Começou por usar da palavra o Dr. Raul Moreira, responsável pela editora, a Secção de Filatelia dos CTT, que elucidou ser esta mais uma das apresentações que do livro têm vindo a ser feitas pelo País, sempre com o maior acolhimento, não apenas devido ao conteúdo da obra mas também pela valia do seu autor, a quem se referiu em termos elogiosos, quer como docente quer como investigador.
            Carlos Fabião fez questão em salientar que se trata de um grande trabalho de equipa, pois que não basta o texto, há toda uma roupagem que o envolve e nisso os serviços técnicos que colaboraram na edição foram altamente eficazes. Uma vez que se torna difícil aos arqueólogos portugueses alicerçarem nacionalismo em dados arqueológicos, pois que sempre as nossas fronteiras culturais estiveram ligadas à Hispânia, por exemplo, constitui, no entanto, a visita aos sítios indicados no roteiro final um bom pretexto para melhor se conhecer o passado do nosso País e, por esse meio, se cimentar identidade.
            Encerrou a sessão o Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Dr. Carlos Carreiras: os vestígios arqueológicos podem ser entendidos, de facto, nessa lógica de identidade e são, muitas vezes, indícios bem evidentes dos valores de tolerância, que, hoje mais que nunca, importa cultivar. Aproveitou o ensejo para se referir a sítios arqueológicos do concelho que, pouco a pouco, irão ser valorizados, desde as necrópoles pré-históricas, às villae romanas dos Casais Velhos, Alto do Cidreira, Freiria, com particular destaque para a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, mui provavelmente a primeira a ser intervencionada, com vista a maior usufruto por parte da população.
O volume, magnífico, datado de Outubro de 2011, destina-se a acompanhar, como é de uso em edições dessa secção, a série filatélica de seis selos temáticos posta em circulação.
«Desde as origens à descoberta da arte do Côa», aponta o Autor, em pinceladas largas mas seguras, os momentos, os monumentos e os arqueólogos mais significativos. Modestamente, optou por chamar-lhe «uma história», pois que outras poderão existir e se compreende bem a dificuldade real em resumir em menos de 200 páginas, que se queriam profusamente ilustradas e para o grande público, as peripécias por que foi passando entre nós uma ciência que, embora assumindo o seu carácter já na segunda metade do século XIX, teve cultores de monta desde o tempo dos Humanistas, pelo menos.
«Os tempos da Sagrada Lei Escrita e dos nossos antepassados romanos»; «A Antiguidade como argumento de legitimação política: a Real Academia da História Portugueza», «A grande revolução: o Evolucionismo e a antiguidade da Terra, das formas de vida e do Homem», «A antiguidade das nações», «O século XX» – são os significativos títulos que o autor escolheu para esta caminhada, que culmina, como atrás se referiu, na apresentação de «um roteiro da Arqueologia Portuguesa», antecedido de elucidativo mapa (p. 184) e contendo informação sobre os museus históricos da Arqueologia Portuguesa ou os outros que detêm no seu acervo significativo espólio arqueológico (ao todo, 28), não se hesitando em mencionar dez outros locais que se destacam «pelo seu particular interesse».
Uma viagem deveras interessante, em que se mostra como mesmo uma ciência que se quer exacta como a Arqueologia nunca está – por mais que se queira – desgarrada do contexto social e político em que se pratica. Em todo o caso, como o Autor salienta, a terminar, «ao serviço de um desenvolvimento sustentável, o património arqueológico ocupa um espaço cada vez mais importante no quotidiano das populações» (p. 182).
Entre as individualidades presentes, registe-se a da Senhora Vereadora da Cultura, Dra. Ana Clara Justino, e a do actual Director do Museu Nacional de Arqueologia, Dr. António Carvalho.

Publicado em Cyberjornal, 4-10-2012:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=17144&Itemid=30

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