segunda-feira, 17 de setembro de 2012

«Em que estás a pensar?»

            Certamente quem inventou o facebook, reflectiu muito antes de inserir no mural de cada um dos seus adeptos, logo à partida, quando a ele se acede, a pergunta «Em que estás a pensar?». Acredito que sim; duvido, porém, que essa questão nos tenha provocado já a reflexão que ela merece.
            De facto, no dia-a-dia, quando vemos alguém pensativo e lhe fazemos essa pergunta, o mais normal é recebermos como resposta: «Nada! Não estava a pensar em nada!». E das duas uma: ou estava a pensar em algo que não quer revelar; ou, de facto, nem consciente estava daquilo em que estava a pensar! E esse é um dos aspectos mais interessantes em que importa reflectir: somos senhores dos nossos pensamentos? Comandamos nós, a todo o momento ou com muita frequência, a nossa mente? O mais normal é respondermos que não – e se a pergunta do facebook contribuir para que, doravante, dominemos mais o nosso pensar será obviamente um bom serviço prestado.
            Não basta pensar: é preciso dominar o nosso pensamento e encaminhá-lo para aspectos positivos! Escreveu Emmet Fox (Le Sermon sur la Montagne, Paris, 1974, p. 78): «Nós escrevemos a história futura da nossa vida com os nossos pensamentos de hoje». E, por isso, sugere, mais adiante (p. 88): «Pensemos bem e tarde ou cedo tudo vai correr pelo melhor».
            Escusado será dizer quão importante é adestrarmo-nos nessa técnica quotidiana de «plantar orquídeas no jardim do pensamento», como sugere Joseph Murphy (La Prière Guérit, 10ª edição francesa, 1984, p. 102), em vez de nos demorarmos em ideias tenebrosas, do género de «Eu não sou capaz», «Tudo me corre mal», «Isto é uma desgraça pegada»… Se pensarmos sempre que não somos capazes, nunca seremos capazes mesmo!...
            O pensamento é, de resto, o único «sítio» onde só nós podemos entrar, ninguém mais! E podemos moldá-lo à nossa maneira, de uma forma sempre positiva. «Um eminente mestre oriental de Filosofia, andando pelas ruas de Londres, ao entardecer, viu um pedaço de corda e imaginou que era uma serpente; ficou transido de medo! Quando se apercebeu do engano, a imagem da corda provocou nele uma resposta emocional completamente diferente» – é ainda Joseph Murphy que o conta (p. 85).

Publicado no quinzenário Renascimento (Mangualde), nº 600, 15-09-2012. p. 4.

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