sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Divulgar e usufruir património

            Falar em «património» sem outra especificação qualquer significa, hoje, referir-se ao «património cultural», tamanha a importância que se está a atribuir (felizmente!) aos monumentos, aos usos e costumes tradicionais.
            Quase poderia afirmar-se que «é bem» falar de património: enche a boca dos políticos; preenche páginas de revistas e jornais; dá azo a fotografias sugestivas e os textos ou se confiam a especialistas (o que é raro) ou airosamente se copiam de qualquer sítio ou blogue (o que é frequente!).
            Não me surpreendeu, pois, que o nº 31 (Maio 2010) da UP, revista da TAP, até pelas suas características – ver Upmagazine@tap.pt / www.upmagaine-tap.com –, haja dedicado a sua capa ao Minho, relevando os trajos, os bordados («Pode ser que Portugal seja o iniciador dos bordados pelo mundo» (Agostinho da Silva), com especial destaque para a singularidade dos lenços de namorados e seu uso tradicional e a filigrana. Anota-se que «o traje minhoto foi criado para a Exposição do Mundo Português de 1940, contrariando a nossa suposta identidade tristonha» (p. 2). Aliás, todo o número é dedicado ao Minho, «o exuberante berço de Portugal» e a revista UP anunciava nesse número que ousava sonhar mais alto: «tem como objectivo focar o que de melhor se faz em Portugal» (p. 7).
Confesso desconhecer se o propósito teve seguimento; contudo, as rubricas previstas ostentavam, sedutoramente, designações próprias da aviação:
1 embarque imediato: «Conheça um pouco as maravilhas de Portugal».
2 partida: «O fundamental sobre a região da capa».
3 bagagem de mão: «Aproveite para pôr a leitura em dia».
4 piloto automático: «Tudo o que o avião tem para lhe oferecer».
5 aterragem: «Saiba tudo sobre o universo TAP».
Louvem-se, por conseguinte, todas estas iniciativas. De louvar ainda mais as que visem um efectivo usufruto desse património por parte da população, mormente da que lhe está mais próxima e que, amiúde, o desconhece. Os habitantes locais devem ser os alvos primeiros dessa divulgação, para que sejam também eles os primeiros a zelar activamente pela sua defesa e conservação.

Publicado no quinzenário Renascimento [Mangualde], nº 598, 01-08-2012, p. 4.

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