sexta-feira, 1 de julho de 2011

Andarilhanças 7

Atraso e pioneirismo
Amiúde se enaltece o pioneirismo de Cascais em relação a iniciativas que toma. Sim, tem algumas. Noutros aspectos, porém, Cascais manifesta um atraso de pasmar! Foi dos últimos a ter um Palácio de Justiça! Não consegue acabar uma esquadra de polícia! Não consegue completar o nó final da auto-estrada! Não tem uma rádio de proximidade (se calhar, porque as entidades não querem…). A imprensa dita local optou pela gratuitidade, com dificuldade numa distribuição eficaz e numa inserção real no coração da população, mormente a do interior.
E agora embandeira-se em arco – e muito bem! – que a população já poderá ter acesso à internet gratuita em três parques do concelho. Agora? Se pensarmos que a cidade de Pombal tem, há anos, Internet gratuita para toda a população (e até nos aparece no computador quando o comboio pára na estação…). Se pensarmos que, no Parque da Marinha Grande, esses pontos Net já existem há anos também. E até em Tondela há pontos de Internet no parque público!...
Claro, sempre mais vale tarde que nunca!

Acordeão
No convívio do 1º de Maio, entre canteiros, em Trajouce, deliciei-me a ouvir o José Francisco Marreiros, de Mértola, que trabalha na brigada de intervenção rápida da Câmara Municipal de Cascais, a tocar, com perícia, o seu acordeão Fratelli Crosio. Juntou-se-lhe depois, em diálogo, Fernando Alves, de Góis, com a sua concertina Dino Baffati. Foi, para mim, quase um regresso à meninice, pois sou natural do Corotelo (S. Brás de Alportel, um concelho alfobre de acordeonistas!), ali de braço dado com Bordeira, a terra da Eugénia Lima, a deusa do acordeão!...
E é assim Cascais, mormente o do interior: ‘desvairadas’ gentes, a dar brilho à terra que escolheram por adopção.

Yemmandala

Com o apoio da senhora vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Cascais, o conjunto musical Yemmandala apresentou, no auditório do Centro Cultural, na noite do passado dia 19, o seu primeiro CD, perante cerca de cem espectadores.
Constituem-no Mercês Figueiredo e Marina Zenha (vocalistas), João Roxo (saxofone tenor e clarinete), Fiúza Duarte (contrabaixo) e Miguel Moreira (bateria e percussão). Letras da Mercês, à excepção de um dos nove temas que compõem o CD, que é da Mariana, responsável, aliás, por todas as composições e que, com M. Moreira, fez os arranjos, todos eles com final bem bonito.
Nasceu o grupo no Hot Clube; daí, os trechos de nítida influência jazística, no permanente diálogo entre instrumentos e vozes, em toada serena, propositadamente haurida no tropicalismo brasileiro. Imaginamos, em simplicidade, dolências de praias, entardeceres, golfinhos que sonham…

Dia da Costureira
Os novos tempos exigirão, decerto, um regresso a hábitos antigos, que contrariarão o consumismo em que o capitalismo desenfreado – alimentado por infernais agências avaliadoras (segundo critérios ditados por magnatas…) – nos atolou. Quem sabe se, proximamente, não voltaremos a ouvir o que Júlio Machado Vaz e Inês de Menezes evocavam no programa do passado dia 8, na Antena 1, «O amor é…»:
‒ Quarta-feira é dia da costureira!
Na casa onde vivi em Coimbra, era assim. Uma vez por semana, era dia da costureira! E havia sempre trabalho para ela! Que não se estava no tempo do usar-e-deitar-fora!...

Publicado em Jornal de Cascais, nº 273, 29-06-2011, p. 4.

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