quarta-feira, 16 de março de 2011

A minhoca

Como é que aquela minhoca poderia ter entrado na cozinha?! Donde viera, se o espaço confinante com a porta é pavimentado a pedaços de mármore e a porta tem soleira alta?...
Apesar do mistério, agarrei num pau de fósforo e, com todo o cuidado, peguei-lhe a meio e, sem medo à chuva miudinha que caía, fui até ao canteiro mais próximo e lá a depositei. Mas… o canteiro transbordava de água!... Ah! Ontem, a meio da tarde, veio cá o canalizador e foi preciso despejar os canos. Não estive com meias medidas e pus a mangueira da rega a correr para ali. O canalizador fez o seu trabalho, a torneira de segurança voltou a ser aberta e… a mangueira desatou a regar o canteiro que não precisava de ser regado, até porque a chuva foi constante a noite inteira!... Por isso também, ninguém se deu conta de que o contador não parava de contar, no seu dispendioso tiquetaque monótono…
Voltei a perguntar-me: quem pôs a minhoca ali?
Quem foi não sei! Ou melhor, sei, porque acredito «na comunhão dos santos», para usar a terminologia da Igreja Católica e… algum «santo» de minha particular devoção – tenho vários, mormente os mais chegados de minha família que já partiram mas estão diariamente junto de mim… – um deles pôs a minhoca. A todos agradeci, portanto.
Hoje de manhã, por mais voltas que desse, não logrei passar as fotos do telemóvel para o computador, porque queria colocar na página http://www.encontra-me.org/ o anúncio do gato da minha vizinha que andava perdido há três dias. Por mais que tentasse, não consegui. Ocorreu-me, então, telefonar a outra vizinha a perguntar se não vira o gatinho pelo jardim. Viu-o depois: fora morto numa zanga de gatos com cio.
São inúmeros, no dia-a-dia, os sinais que nos enviam. Insignificantes, à primeira vista. Verificamos, depois, que tinham um sentido bem preciso, que visavam alertar-nos para um perigo, recordar-nos o que esquecido fora e nos viria causar muito transtorno… Aquele avião que se perdeu e que, afinal, sofreu um acidente... Chamamos-lhes «acasos», «coincidências felizes»… Eu chamo-lhes sinais – que, estou convicto, o acaso não existe! E procuro cada vez mais estar atento a eles!

Publicado no quinzenário de Mangualde, Renascimento, nº 566, 15-03-2011, p. 13.

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